segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Põe-Te Na Fila Se Achas O Teu Problema Maior Que O Meu!

Podia dizer-vos que o mês de setembro foi um mês de regresso à rotina, de arranque de vários projetos e iniciativas, cheio de fulgor e força. Zero. No mês de setembro senti-me dentro de uma máquina de lavar roupa, às voltas, às voltas, com breves paragens e mais umas voltinhas. 

Não vou traduzir o que isto poderá querer dizer mas é só para perceberem mais ou menos o panorama. E enquanto eu me sentia às voltas na minha própria vida, lidando com os meus próprios dilemas e problemas, fui me apercebendo que à minha volta mais pessoas estavam assim. O programa podia ser diferente, mas também eles se encontravam na sua própria máquina de lavar, às voltas, parando de vez em quando. Provavelmente para fazerem o mesmo que eu: ganhar coragem para seguir em frente. 

À medida que fui ouvindo desabafos e fui desvendando pequenas coisas sobre mim, percebi que cada pessoa tem os seus próprios problemas e por vezes maiores que os nossos. Isto também depende muito da perspetiva de cada um e de como cada pessoa olha e enfrenta o problema em mãos, verdade seja dita. Mas colocando-me do lado de fora, de quem vê toda a situação, percebi que os nossos problemas são sempre maiores e piores e mais difíceis que os demais. Se eu estava em baixo, alguém me dizia algo do género "Mas ainda assim, viste o que me aconteceu? Tens noção? Por isso olha, anima-te." e eu dizia "Sim, verdade." e continuava às voltas na minha máquina, a pensar que realmente havia quem estivesse pior mas sem, do outro lado, conhecer a fundo o que passava comigo. 

Portanto, o que acabei por sentir é que existe uma fila de problemas, do maior para o menor e eu ia sempre descendo de lugar nessa fila. Sem me queixar. Porque aprendi a guardar tudo para mim. Porque não gosto de competir a longitude dos meus problemas. Porque cada um tem os seus e cada um lida com eles de diferente forma. A sensatez [e educação] que fui guardando ao longo da vida permite-me colocar um bocadinho na pele dos outros quando partilham os seus dilemas e frustrações, sem automaticamente comparar com os meus. Isto tudo porque acredito piamente que só quem está no convento, sabe o que lá vai dentro…


Ainda assim saibam que entre marinheiros, marés, tempestades e arco-íris, nós vamos conseguir sobreviver. Um dia de cada vez.

11 comentários:

  1. Respostas
    1. Sei que não sou mas sei que sou um bocadinho forte. tal como tu, tal como todos os escorpiões, tal como todas mulheres! Um beijinho!

      Eliminar
  2. Por muito que os nossos problemas sejam menores que os dos outros, não deixam de ser problemas, e como diz o ditado "com os problemas dos outros estou eu bem", e é verdade, por mais pequenos que sejam, temos de ser nós a resolvê-los, e o importante é que o consigamos fazer.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, é importante ouvirmos e darmos atenção aos problemas de quem nos rodeia mas sem nos esquecermos dos nossos. Às vezes é mais fácil refugiar-nos em bolhas e questões que não são nossas mas os nossos problemas vão continuar aqui, bem à nossa espera!

      Eliminar
  3. Pois comparado com os problemas do mundo os nossos são, provavelmente, minúsculos mas tocam-nos a nós e temos de lidar com eles... Claro que também é bom relativizar e ter noção que há pior mas não deixam de nos afectar...
    Por vezes as pessoas tentam fazer-nos sentir melhor mostrando que podia ser pior, só que não resolve nada...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, é muito difícil acabar por esquecer ou passar por cima dos nossos problemas porque eles são uma realidade. Por mais pequenos e insignificantes que eles sejam, algo devem significar para nós, se não, não eram uma pedra no sapato...

      Eliminar
  4. Todos os problemas são válidos e deixam marcas. Claro que, colocando tudo em perspetiva, sabemos que no meio do azar até temos sorte, porque existem realidades angustiantes, mas não é por isso que os nossos problemas diminuem. E isso nunca será justificação para alguém os rebaixar

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo em absoluto contigo mas efetivamente nem todas as pessoas conseguem fazer essa ponte: deixar de comparar e superiorizar a "cruz" que carregam :/

      Eliminar
  5. Engraçado que isso se pode aplicar a tudo! Por exemplo mencionei isso sobre o ser-se mãe, nós mães achamos que os nossos instintos sao sempre piores do que as outras mulheres, o filho das outras é que é super calmo e sossegado, segue regras e come tudo sem reclamar. Mas na verdade nao tamos na casa delas para saber o que se passa...

    Beijinhos,
    O meu reino da noite
    facebook | instagram | bloglovin

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tal e qual, também sei que existe muito esse estigma entre mães e acho que é uma batalha perdida porque nenhuma mães é melhor ou pior que a outra porque os filhos são x ou y ou fazem isto ou aquilo. Ou eu pelo menos um dia que venha a ser mãe, espero pensar assim e agir em conforme esta linha de pensamento :)

      Eliminar
  6. A verdade e que, infelizmente, existe muita falta de sensibilidade para com os problemas alheios. Espero que tudo se resolva pelo melhor.

    ResponderEliminar