terça-feira, 13 de junho de 2017

Escrita triste - mas o que é isso?

Uma vez disseram-me "Quando estás triste, a tua escrita é maravilhosa."; nunca percebi porquê mas será que é porque escrevo de coração mais aberto? Ou de coração mais inflamado?

No entanto, estar triste não significa escrever sobre tristezas; significa apenas que as palavras que foram escritas tomaram um banho de sinceridade e saíram a correr do peito para as linhas que lêem só que sem grandes floreados. Mas a sociedade hoje em dia parece que repugna textos que não explorem apenas e só o lado BOM da vida. Como se a vida fosse vivida apenas sobre o lado BOM e tudo o resto fosse a tal dita escrita triste.
É tão injusto querem-nos fazer sentir que temos de sorrir e mostrar quão maravilhosa é a vida quando à nossa volta não nos sentimos assim. E então, porque não explorar o OUTRO lado da vida? Não lhe vou chamar lado mau ou menos bom porque isso deixo ao vosso critério. Chamem-lhe o que quiserem, talvez, quem sabe, chamem-lhe realidade. Vamos escrever mais sobre a realidade!

E este tema fez-me lembrar o meu artigo para a Blogazine na edição passada, de maio: "Vida perfeita no Instagram? Não existe!". Fica o artigo em baixo para lerem ou relerem na integra!


Posto isto só queria rematar que, seja qual for a circunstância em que escrevemos, o que conta é escrevermos com alma e sinceridade e se não nos apetecer escrever coisas bonitas, não temos de escrever. Quem nos segue, quem nos lê, irá igualmente interessar-se pelo que escrevemos porque do outro lado estão pessoas iguais a nós.

Um beijinho para cada pessoa que escreve não só nos bons mas em todos os momentos da sua vida!

4 comentários:

  1. Concordo em pleno contigo. As vezes faz-me confusão quando vejo bloggers a dizer que quando estãoo tristes não escrevem para não passar isso. Mas isto é um prolongamento de nós, a vida também tem dias maus e se calhar ao escrever sobre isso até ajudamos alguém que nos esteja a ler.

    ResponderEliminar
  2. Cada vez mais não aprecio mostrar a minha vida no instagram, adorava mostrar os pequenos detalhes mas agora que está mais profissional também está mais fabricada. E estamos a criar a necessidade de só mostrar o lado cor de rosa das nossas vidas e a maioria das fotos pouco genuinas. Estamos mais preocupados em mostrar que temos a vida perfeita do que em vive-la. Nem toda a gente pode ter aquela vida de passar o tempo todo em viagens a sítios de prender a respiração. Não é natural! E parece que isso se tornou o novo normal. Toda a gente tem de estar em viagem, toda a gente tem de ter relações perfeitas e namorados modelos, toda a gente tem de estar sempre em festa, toda a gente tem de vestir roupas de marca e mostrar os outfits. E qual é o objectivo? Quase nada é sincero e espontâneo. Enfim...
    Eu gosto da sinceridade que advém da tristeza. De saber que do outro lado está uma pessoa com qualidades e fraquezas que está a partilhar a sua alma connosco. Eu gosto é de blogs ainda sem o filtro da perfeição, como o teu!

    ResponderEliminar
  3. Para mim não há nada melhor que sermos fieis a nós próprios e para com os outros.
    Eu sou uma pessoa que, se estou triste partilho a minha tristeza,s e estou feliz partilho a minha felicidade, é claro que existe pragas depois pelo meio mas faz parte.
    Eu sou eu, e para ser eu, verdadeiramente eu, em plena Internet, vou ser sempre eu feliz ou eufórica :)
    Gostei do teu post.

    Beijinhos
    www.pirilamposemarte.com

    ResponderEliminar
  4. Há uns anos li uma publicação - que tenho muita pena de não me recordar da autora - que falava sobre esta controvérsia da "beleza disfarçada" que era (e é) o Instagram. E eu acabo por concordar muito com a analogia que ela faz. Nessa publicação, ela recordou os tempos em que tínhamos máquinas de rolo e os nossos pais faziam álbuns de fotografias sobre nós e as nossas vidas. E desafiou-nos a procurar, nesses álbuns, fotografias que evidenciassem os tempos difíceis que viveram, nesse ano. Os momentos maus. As birras. As desavenças. E não existem. Tal como não vão existir no Instagram. Não significa que não tenham existido.
    Certo, os rolos eram caros e de número contado. Hoje em dia, temos fotografias ilimitadas e acessíveis a qualquer mão. E também é certo que muitos argumentam que os álbuns eram só para a família. Não sei se concordo com esta a última porque era típico naquela altura, no final dos jantares de amigos, mostrarmos esses álbuns, portanto o propósito - embora mais rudimentar e orgânico - era quase semelhante.
    A conclusão a que a autora chegou foi que é natural que queiramos registar as coisas boas em detrimento das más (que sim, são más e não há problema em reconhecê-lo). Os momentos felizes, de conquista, de vitória, em que estamos giros de morrer, em que estamos em festa ou a fazer algo que nos estimula. E eu concordo com a sua visão. Ninguém se quer fotografar a chorar, ou a dizer que teve uma discussão com o namorado, ou que chumbou no exame ou que está desempregado porque nunca o fizemos e porque, por serem momentos mais pesados, não os queremos preservar, romantizar, recordar ou partilhar. Ninguém gosta de recordar discussões. Mas todos gostamos de recordar uma viagem. Não anula que ambas sejam importantes para o nosso carácter e experiência de vida.
    Para mim, o importante em relação a este assunto, é a forma como encaramos estas plataformas, como o Instagram. Não tenho nada contra quem publica fotos nas Maldivas, com o namorado e com visuais estupendos. Não acho fraudulento. Porque não extrapolo um perfil de Instagram para a vida do seu utilizador. Facebook, blogue, Instagram, Twitter... Nada disto espelha a nossa vida em todas as suas particularidades. E eu sei que essa pessoa que publica fotos extraordinárias, certamente, também terá as suas dificuldades e tristezas. Eu reconheço que ela é real e, portanto, não me incomoda que ela prefira encher o seu perfil com momentos felizes. O problema surge quando os utilizadores que vêem estes perfis de Instagram extrapolam um punhado de fotografias para a realidade da vida desse utilizador. Estão errados e presos a uma ilusão muito perigosa e, isso sim, acho que deve ser revertido, debatido e discutido. Concluído: não me preocupa quem só quer publicar coisas felizes, preocupa-me quem visualiza estas publicações e encara-as como um atestado de vida sem trabalho, problemas ou dificuldades. (sorry pelo tamanho do comentário, mas gosto mesmo de debater :D)

    ResponderEliminar